Justiça eleitoral alagoana tem novos corregedor e desembargador

Texto para publicação sobre as posses do novo desembargador eleitoral Francisco Wildson da Silva Dantas pela classe dos juizes federais no pleno do TRE-Al e do juiz estadual e desembargador eleitoral Ivan Brito pela classe dos magistrados estaduais no cargo de corregedor regional eleitoral

 

A Justiça eleitoral alagoana passa a ter novo corregedor regional eleitoral a partir desta quarta-feira 13), com a eleição, pela maioria dos integrantes do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL), do desembargador eleitoral Ivan Vasconcelos Brito Júnior, representante da classe dos magistrados no colegiado do órgão regional da Justiça Especializada, que concorreu com o colega juiz federal Frederico Wildson da Silva Dantas. Este último, por sua vez, foi empossado neste mesmo dia, em ato presidido pelo presidente da corte, desembargador Orlando Monteiro Cavalcante Manso, para exercer as atribuições de desembargador eleitoral titular no lugar ocupado até quinta-feira última pelo colega Raimundo Alves de Campos Júnior.

Os magistrados Ivan Brito e Frederico Wildson da Silva Dantas tiveram suas respectivas atuações na Justiça Estadual e na Justiça Federal enaltecidas pelo presidente da corte e por todos seus pares.

Brito lembrou, na condição de corregedor recém-leito, que “eleições limpas são imperativas para a investidura do governo da coisa pública. Pleitos eleitorais manipulados por abusos, fraudes, trocas e imoralidades frustam, em sua origem, a livre vontade da Nação”. Por sua vez, o corregedor eleitoral Frederico Dantas, disse que o Judiciário assume hoje uma dimensão política maior, como um dos protagonistas do jogo político das instituições, porque ele se tornou o último esteio da sociedade para resolver suas crises, pela falência das instituições legislativas em fazê-lo, deixando de solucionar questões tormentosas, como a pesquisa com células-tronco, o exercício do direito de greve pelos servidores públicos, a união civil de homossexuais e o aborto do anencéfalo”.

A fala do presidente

 

Segue, transcrito integralmente, o discurso do presidente do TRE-AL, desembargador Orlando Manso, por ocasião da posse do magistrado federal Frederico Wilson da Silva Dantas, como membro titular da corte eleitoral alagoana pela classe dos juizes federais:

 

“Senhores desembargadores, senhor procurador regional eleitoral, senhores servidores, senhoras e senhores

É com extrema satisfação que propicio essa suscita reverência, homenagem instigada pela venturosa chegada, a este Regional, do novel Desembargador Eleitoral Frederico Wildson da Silva Dantas, que inicia, nesta oportunidade, sua jornada bienal como integrante da Justiça Eleitoral de Alagoas na qualidade de magistrado integrante da Justiça Federal.

Sem grandes rodeios, devo destacar, nesta oportunidade, que Sua Excelência, enquanto ícone da nova geração de juízes que compõem o seleto panteão da magistratura federal em Alagoas, tem ascendência distinta e genealogia jurídica privilegiada, divisando em seus ascendentes a figura proeminente de juristas e magistrados da mais distinta e emérita qualidade.

Neste instante, permito-me uma breve digressão para, por força do seu mais que merecido ascenso a este pariato, promover uma oportuna e muito merecida homenagem ao seu pai, Desembargador Federal Francisco Wildo Lacerda Dantas, homem de lauto currículo, produção jurídica e cultural incessante e cátedra ladina, detentor, entre outros títulos, de Doutor em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, da Universidade Federal de Lisboa e que, em simultâneo com a cadeira de docência da Teoria Geral do Processo na Universidade Federal de Alagoas, integra o Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Impossível desmerecer o compulsório destaque à incomensurável contribuição que prestou à Justiça Federal de Alagoas ao longo dos anos em que exerceu, aqui, o múnus judicante, sendo, por considerável lapso, o único Juiz Federal da Seção Judiciária de Alagoas.

Também enalteço, na oportunidade, a figura da Dra. Ana Florinda Mendonça da Silva Dantas, sua mãe e Juíza de Direito da 22ª Vara Cível da Comarca da Capital, Coordenadora do Núcleo de Promoção da Filiação do Tribunal de Justiça de Alagoas e que já integrou, por dois biênios consecutivos, este Tribunal, ocasião em que, além de gerir com singular argúcia a Escola Judiciária Eleitoral de Alagoas, notabilizou-se nos anais desta Casa como a primeira mulher a presidi-la, prestando singulares contributos, com seu especialíssimo primado cultural, para a primazia do acervo jurisprudencial deste Tribunal.

Mas é preciso destacar que, de par com essa prodigiosa ascendência, Sua Excelência o Desembargador Eleitoral Frederico Wildson possui erudição mais que suficiente para servir de credencial à sua apresentação pessoal, tendo como portentoso lastro o especial destaque de sua atuação enquanto magistrado, mestre, profissional e operador do Direito.

Homem de extensos e extremos conhecimentos, obstinado e dedicado, por amor e vocação, à carreira jurídica, é de sua tradição a incessante produção jurisprudencial e a requintada qualificação acadêmica, detendo hodiernamente o título de mestre em Direito Constitucional e vivendo a iminência de atingir o grau de Doutor.

Sua Excelência alcança destaque também pela incansável labuta no âmbito da Seção Judiciária Federal de Alagoas como titular da 6ª Vara Federal e Juiz Vice-Diretor do Fórum Federal desta capital, atuando ainda, ao lado do Dr. Raimundo Alves - a quem substitui neste Colegiado - e do Juiz Federal André Carvalho Monteiro, que também é Desembargador Substituto deste Tribunal, na Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Alagoas, acumulando, por fim, a Direção da Escola de Magistratura Federal da 5ª Região – Núcleo Alagoas.

É extremamente perceptível seu tino e o seu denodo para o acúmulo do desempenho de funções no plano da estrutura judiciária local. A qualidade inconteste de sua produção jurisdicional concorre com o inegável pendor para a docência, espraiando sua já vasta experiência aos acadêmicos da Universidade Federal de Alagoas, através da Faculdade de Direito de Alagoas, onde atua como professor assistente.

Como um observador discreto da sua vasta produção cultural, considero curial o destaque ao admirável excerto de um dos seus artigos publicados pelo sítio cibernético da Universidade Federal de Alagoas, ocasião em que, discorrendo sobre as sucessivas emendas constitucionais em ensaio publicado no mês de fevereiro de 2009, vaticinou em conclusão, com singular pertinácia e merecido destaque:

“Assim, ao refletirmos sobre a real necessidade de uma nova reforma constitucional, precisamos lembrar que a Carta Magna é expressão da soberania popular e que o poder de reforma constitucional atribuído ao Congresso é subalterno e essencialmente limitado, devendo ser exercido com moderação. Logo, constitui uma afronta à legitimidade do poder precipitar emendas constitucionais ao sabor das conveniências políticas do momento.”

 

Considerando ainda a obra de sua lavra, sob o título A Eficiência da Lei de Improbidade Administrativa e o Foro por prerrogativa de função - publicação da Editora Nossa Livraria no último ano de 2004 -, é manifesto que sua aguçada sensibilidade às causas e às minúcias da legislação vigente, em especial quanto à gestão da coisa pública e suas consequências, será extremamente valorosa ao longo de sua atuação neste recinto, em especial quando da cognição das tantas teses de inelegibilidade que são tão comuns ao transcurso do já iniciado processo eleitoral com vistas ao pleito de outubro próximo, quando teremos o ápice da celebração democrática através do escrutínio popular para os cargos de prefeito e vereador, isso mediante a utilização universal do procedimento biométrico de identificação do eleitor.

Por fim, ouso, como decano desta Casa, rememorar as palavras que me foram de muita valia quando de minha chegada a este Regional, o que faço ao reproduzir, nesta ocasião, a figura de uma lenda popular do Oriente Próximo, pequena narrativa que versa sobre o diálogo entre um jovem e um velho por ocasião da aproximação daquele a um oásis existente junto a um povoado, nos seguintes termos:

- Que tipo de pessoa vive neste lugar?

- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? - perguntou por sua vez o ancião.

- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz. Estou muito satisfeito de haver saído de lá.

- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui – replicou o velho.

No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:

- Que tipo de pessoa vive por aqui?

O velho respondeu com a mesma pergunta:

- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?

O rapaz respondeu:

- Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.

- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.

Um homem, que havia escutado as duas conversas, indagou imediatamente ao velho:

- Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?

Ao que o velho respondeu:

- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui.

 

Receba, desembargador Eleitoral Frederico Wildson, os meus mais sinceros votos de muito sucesso na sua nova jornada”.

 

O discurso do juiz Frederico Wildson da Silva Dantas

“Senhor Presidente, Desembargador Orlando Monteiro Cavalcanti Manso

Senhora Vice-Presidente, Desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento

Eminentes colegas, Desembargadores Antônio José Bittencourt Araújo, Ivan Vasconcelos Brito Júnior, Luciano Guimarães Mata e Fernando Antônio Barbosa Maciel,

Excelentíssimo Procurador Regional Eleitoral, – e meu estimado amigo, Dr. Rodrigo Tenório Correia da Silva,

Senhores Advogados,

Servidores desta Casa,

Amigos, familiares,

Augusta audiência,

Disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset: “Eusoueueminhacircunstância,esenãosalvoaela,nãomesalvoamim”.

A frase é emblemática por dizer em tão poucas palavras que a vida é o que podemos ser, é a vida possível, e por isso mesmo é decidir, entre as possibilidades, o que em efeito vamos ser.

Ortega y Gasset ensina que as circunstâncias são na nossa vida o que nos é dado e imposto, são a nossa realidade. Mas é falso concluir que são elas a nos definirem: ao contrário, diz o filósofo que elas são o dilema, sempre novo, ante o qual temos que nos decidir. Mas quem decide é o nosso caráter.

Abraçada a premissa, tenho de agradecer, reconhecendo o quão afortunado sou pelas circunstâncias de minha vida, pelas decisões que tomei e que me permitiram esse magnífico momento. Senhores; que distinto privilégio estar aqui, hoje nesta sessão solene; que distinta honra pertencer a esta egrégia Casa; mas, sobretudo, que alegria ser prestigiado com tão calorosa recepção – aqui agradeço em especial as palavras generosas de saudação do meu colega, Des. Ivan Brito – na presença da minha família e amigos, meu maior tesouro.

Sabedor do privilégio e da honra que me são concedidos, não medirei esforços para mostrar-me à altura dessa dignidade, oferecendo em contrapartida o melhor da minha ciência, do meu trabalho e, também, da minha vivência como juiz de primeira instância, hoje às vésperas de completar um decênio na magistratura federal – fui juiz moço, o mais novo da minha turma, ingressando na magistratura da altura dos meus 25 anos de idade.

Somados aos três anos em que militei como serventuário da Justiça posso dizer que tenho hoje treze anos de experiência no Poder Judiciário, e nessa breve história tenho vivenciado as transformações por que passa a magistratura, pelo que quero compartilhar consigo minhas reflexões sobre o momento em que vivemos.

O Judiciário mudou e está mudando cada vez mais. Desde o advento da Constituição cidadã, não somos mais o que fomos antigamente. O Judiciário constitucionalizado hoje é conclamado pela sociedade para assumir novo papel no palco das instituições democráticas, um papel atuante e comprometido com uma jurisdição efetiva, e com a realização dos direitos fundamentais.

Mas não nos enganemos. Se o Judiciário torna-se o que Cappelletti chamou de um “Terceiro Gigante” não o faz por iniciativa e aspiração próprias, mas porque isso lhe foi imposto: os que criticam o chamado ativismo judicial e a judicialização da política esquecem que a atitude proativa da magistratura não parte de um anseio dos juízes, isso lhes foi retirado a fórceps pelas legítimas reivindicações da sociedade que não tolerava mais uma Justiça morosa e ineficaz.

Se o Judiciário assume hoje uma dimensão política maior, como um dos protagonistas do jogo políticos das instituições, o faz porque ele se tornou o último esteio da sociedade para resolver suas crises, pela falência das instituições legislativas em fazê-lo, deixando de solucionar questões tormentosas, como a pesquisa com células-tronco, o exercício do direito de greve pelos servidores públicos, a união civil de homossexuais e o aborto do anencéfalo.

No âmbito eleitoral experimentamos o que Adriano Soares denomina de verdadeira “revolução copernicana”; desde a instituição da urna eletrônica, as resoluções da Justiça Eleitoral sobre a fidelidade partidária, passando pela criação do instituto da captação ilícita do sufrágio e chegando, agora, na instituição da Lei da “Ficha Limpa”, inovações que em maior ou menor medida contaram com importante participação do Judiciário.

Mas, ao tempo em que assumimos nosso legítimo papel como um dos Poderes da República, não havemos de perder de vista que o que denota o Judiciário e o distingue das demais instâncias de Poder, é justamente o fato de que nossa autoridade advém dos fundamentos de nossas decisões, as quais devem ser sempre, e em qualquer caso, pautadas por critérios jurídicos e pela coerência e rigor conceituais da Ciência do Direito.

Senhores! Eis o nosso leme e a nossa guia; não podemos perder de vista o farol que ilumina nosso caminho: a jurisprudência é trilhada pela técnica jurídica, eis que o juiz é livre, dentro do cárcere da Lei!

Sim, o juiz é um agente de Poder e sua atuação assume uma dimensão política coextensiva às pautas axiológica dos princípios constitucionais; mas não é e nem pode se tornar – nunca – um ator político, muito menos um agente de política partidária.

É importante relembrar essa verdade, para mantermo-nos coerentes com nossa baliza institucional, sobretudo nos tempos em que vivemos; tempos em que a Corregedora Nacional da Magistratura se sente autorizada a utilizar expedientes midiáticos para respaldar suas posições político-institucionais; em tempos onde o Pretório Excelso desta Nação labora sob o escrutínio diário da opinião pública, expondo aos jornais diários até mesmo suas questões mais intestinas; e em que Ministros do Supremo Tribunal Federal se reúnem com ex-mandatários do Poder para discutir processos, a ponto de um ex-Presidente da República se achar autorizado a intervir na condução de assuntos que um juiz de primeiro grau não discutiria nem mesmo no santuário de sua residência.

Nesse cenário que se desenha, mais do que nunca é importante que o Tribunal esteja coeso, unido no propósito de exercer uma prestação jurisdicional efetiva. O desafio é imenso, pois a atuação da magistratura eleitoral é condicionada pelo déficit de sistematização de suas normas, causado pelas frequentes mudanças na legislação, e que tem como subproduto uma jurisprudência inconstante em todas as instâncias, sobretudo nas instâncias superiores.

Mas se o desafio é grande, grande também a certeza de que essa egrégia Casa continuará atuando, como sempre, com sua reconhecida isenção, com sua imparcialidade e ciência que lhe garante a posição altaneira de árbitro das lides eleitorais e garantidoras do processo democrático no Estado de Alagoas.

Havemos de enfrentar esse processo eleitoral confiantes, sob a segura presidência do eminente Des. Orlando Manso, homem respeitado na magistratura alagoana, juiz que vem neste Tribunal arrematar com brilho mais um capítulo de sua bela e longa história no Poder Judiciário, e que nesse toar já conquistou grandes e importantes vitórias, com um merecido destaque para a conclusão do processo de cadastramento biométrico, no que contou com o apoio dos colegas e, em especial, do Juiz Federal Raimundo Campos – aliás, não poderia deixar de registrar aqui que meus primeiros passos como acadêmico de Direito foram dados sob a batuta do nosso maestro, eu no meu primeiro estágio e o Presidente como Corregedor-Geral do Estado de Alagoas.

É para mim uma grande honra unir-me a esse grupo seleto de juristas, Des. Elisabeth Carvalho, a primeira mulher a ocupar as mais altas instâncias de Poder neste Estado de Alagoas, tendo sido a primeira Governadora, a primeira a presidir o Tribunal de Justiça e, também, a primeira Presidente deste Sodalício. Que grande honra atuar lado a lado dessa pessoa que já é em si mesma um marco na história do Estado de Alagoas.

Aos eminentes colegas Antônio Bittencourt, juiz criminal com destacado papel como gestor da segurança pública de nosso estado; Ivan Brito – desde sempre amigo da minha família, e a quem dedico especial carinho em nome de sua estimada mãe, a Dra. Nielze Brito –; Luciano Guimarães, profundo conhecedor do Direito Eleitoral, digno representante da classe dos juristas; e Fernando Maciel, eminente colega da Universidade Federal. Enfim, a todos os senhores venho declarar minha alegria em integrar essa composição, e declarar minha intenção de vir para somar nesse Colegiado, contribuindo com o melhor dos meus conhecimentos, procurando sempre decidir com minha convicção e com minha consciência, e sabendo que, em nossa convivência institucional, tenho muito a aprender com a vivência dos senhores.

Para quem sempre militou na Justiça Federal, a oportunidade de trabalhar conjuntamente com eminentes juristas e renomados juízes da magistratura alagoana é uma ocasião ímpar para engrandecimento pessoal e profissional, ainda que eu não perca de de vista minhas origens institucionais.

Ao embarcar nessa grande aventura, sinto-me absolutamente tranquilo porque ombreado com pessoas da melhor estirpe, e sabedor de que poderei contar sempre com o conselho e a experiência dos senhores, e também com as palavras sábias e o aviso do nosso brilhante Procurador Regional, Dr. Rodrigo Tenório, a quem tenho na conta de meus poucos e fiéis amigos, e a quem reputo um dos membros mais destacados do Ministério Público Federal em Alagoas. Homem dotado de profundo seu preparo e cultura jurídica, e aquinhoado de conhecida coragem pessoal e cívica; Dr. Rodrigo é um verdadeiro vocacionado do Ministério Público. Amigo, conto com sua companhia em nossa caminhada.

Como dizia, permanecerei fiel à história da minha instituição. Hei de fazê-lo com espírito altivo e independência; com o orgulho de representar aqui uma notável tradição, construída por juízes dotados não só de profundo conhecimento jurídico, como também de rara sensibilidade humana. Senhores; quanta honra poder dizer quem sou: Sou legítimo herdeiro das tradições de Francisco Wildo Lacerda Dantas – dele sou herdeiro na instituição, no nome e no sangue–, mas também Paulo Roberto de Oliveira Lima, de Paulo Machado Cordeiro, Sebastião Vasques – cujos relevantes serviços prestados à Justiça Eleitoral foram reconhecidos com a medalha do mérito eleitoral Desembargador Barreto Cardoso.

Que grande júbilo, senhores, suceder a esses sábios e briosos magistrados, assim como a meus demais colegas de lida, que me precederam neste Tribunal: Sérgio Wanderley, Leonardo Resende, André Granja e, em especial, ao Juiz Federal Raimundo Campos Júnior que abrilhantou sua gestão com a integridade, seriedade e dedicação que sempre empregou e emprega em tudo que faz.

Sabedor das minhas limitações, reconheço a distância que haverei de percorrer para alcançá-los; mas com paciência, muito esforço e humildade estou confiante de que saberei manter-me fiel aos ideais de trabalho, de justiça e de coerência que sempre os inspiraram, e que fazem de nossa instituição um dos pilares do Estado Democrático de Direito.

Como vêem, não chego aqui sozinho, como ninguém chega – solitário – a lugar algum. Eu sou eu e minhas circunstâncias; minha vida é o que pode ser; e tenho de agradecer à vida por ser como é pela abundância de graças que me proporciona, sobretudo a minha família, meus amigos e minha instituição.

Por isso, já caminhando para o final de minha oração, peço-lhes vênia para usar da palavra para fazer algumas homenagens, dizendo de público que sou um homem feliz. Sou feliz por tantas vitórias pessoais e profissionais que consegui amealhar, ainda jovem, e que se me foi possível não por um talento especial – que não tenho – mas sim com muito esforço e sacrifício pessoal, e pelo acaso e a sorte que colocaram no meu caminho tantas pessoas especiais.

Não poderia citá-los a todos, para não penalizá-los demasiado com um discurso cansativo e demorado. Mas não posso me omitir em algumas poucas homenagens.

A meu pai, Francisco Wildo, homem que tem uma vida dedicada ao estudo, um dos maiores processualistas que este Estado conheceu, magistrado culto e aquinhoado com um senso de justiça apurado, fabricado na luta de um homem de origem humilde – menino pobre, órfão de pai com cinco anos, criado pela mãe-viúva com outros quatro irmãos no interior da Bahia – e que conseguiu superar as vicissitudes da vida para galgar com seus méritos o sucesso pessoal e profissional, sem nunca macular sua integridade.

A minha mãe, Ana Florinda, mulher forte e trabalhadora incansável; entregando-se de corpo e alma conseguiu conciliar seus deveres de esposa fiel e mãe dedicada de quatro filhos, criados com amor, disciplina e caráter, sem nunca descurar de seu ofício profissional, a ponto de se tornar uma das juízas mais profícuas da magistratura alagoana.

Aproveito para, em seu nome, fazer uma homenagem à digna magistratura estadual alagoana, aos bravos homens e mulheres que conseguem, por força de dedicação exemplar, contornar as dificuldades de uma estrutura física e humana limitada pelos parcos recursos de um Estado pobre como Alagoas e ainda atender aos anseios da sociedade e sua sede por justiça. Afogados com a infinita demanda, não obstante dedicam-se diuturnamente a serviço da sociedade, muita vez trocando suas horas de repouso e descanso pelo trabalho

– Quantas vezes assisti minha mãe trazer volumes e volumes de processos para despachar em casa? Trabalhar em mutirões em dia santo e feriado? Participar em projetos de Justiça Itinerante nos mais distantes rincões dessas Alagoas? Ela é para mim a figura exemplar dos juízes de direito; homens e mulheres honestos, honrados e dotados de grande coragem cívica que – como sabemos – colocam seu dever à frente não só do convívio familiar, como até mesmo da sua segurança pessoal, entregando suas vidas à causa da justiça.

Quero parafrasear Einstein – mas sem nenhuma pretensão de me comparar com esse gênio da humanidade – para dizer que, se consegui chegar mais longe, o fiz porque vim apoiado nos ombros desses dois gigantes.

Registro meus agradecimentos aos meus irmãos pela paz de espírito que nossa convivência me traz. A Francisco, irmão mais velho, integrante da bancada baiana da família, com quem compartilhei a maior parte da minha vida, que tanto me ensinou e ensina até hoje, exemplo de marido dedicado e pai amoroso; e assim a Fábio e Flávio, altivos representantes da bancada alagoana – eis que até aqui se revela o espírito justo e democrático de meus pais que mesmo na composição familiar observaram a paridade de representação.

Mas devo confessar que hoje é forte a tendência de desequilibrar o pleito – não pela infidelidade à terra natal, pois a trago em meu coração – mas porque me confesso seduzido pela minha terra de eleição, a ponto de responder sem titubeio a quem pergunta minhas origens o que verdadeiramente sou: um alabaiano.

Faço aqui também uma justa homenagem a meus amigos, e peço vênia para fazê-lo na pessoa do meu grande amigo, o Juiz Federal Paulo Machado Cordeiro. Paulo Cordeiro na realidade, é mais que um amigo, é meu grande mestre que tantas e tantas lições já me ensinou. Homem generoso, inteligentíssimo e dotado de uma intuição infalível: nada escapa a seu olhar observador de fino conhecedor da natureza humana. Se meus pais serviram de inspiração para minha carreira na magistratura, foi Paulo Cordeiro quem me ensinou o caminho das pedras. Amigo, se hoje estou aqui devo e muito a você.

Enfim, não poderia encerrar minhas palavras sem uma homenagem especial à minha esposa. Hoje me confesso feliz, e o sou em grande medida graças a essa mulher maravilhosa. Eis aqui uma circunstância da minha vida que tenho de agradecer – e o faço – a todo dia, em todo instante.

Ó abençoado dia o que nos encontramos! Ali está a porta e a chave do meu caminho para a felicidade. Em nove anos de convivência sou, por sua causa, uma pessoa melhor; são sua virtude e seu caráter, firme, porém sereno; de mulher bela e vaidosa, mas desprendida de si pelo amor de seus filhos; inteligente e talentosa na atuação profissional, e ao mesmo tempo prendada e amorosa dona do lar, que me inspiram para continuar tentando fazer e ser o melhor que posso.

É minha parceira, amante e amiga, quem me aquece nas noites de frio, e muitas vezes me mostra o caminho reto quando me assalta a dúvida no espírito.

A mulher que me deu os mais belos presentes da natureza, Lucas e Carolina, a quem dedico meu coração e minh’alma, para todo o sempre; a quem disse certa vez e hoje repito, e insisto, que a amo mais do que podes imaginar...

É a ti Juliana que dedico esse momento de grandiosa felicidade.

Muito obrigado!”

 

 

A Justiça eleitoral alagoana passa a ter novo corregedor regional eleitoral a partir desta quarta-feira 13), com a eleição, pela maioria dos integrantes do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL), do desembargador eleitoral Ivan Vasconcelos Brito Júnior, representante da classe dos magistrados no colegiado do órgão regional da Justiça Especializada, que concorreu com o colega juiz federal Frederico Wildson da Silva Dantas. Este último, por sua vez, foi empossado neste mesmo dia, em ato presidido pelo presidente da corte, desembargador Orlando Monteiro Cavalcante Manso, para exercer as atribuições de desembargador eleitoral titular no lugar ocupado até quinta-feira última pelo colega Raimundo Alves de Campos Júnior.

Os magistrados Ivan Brito e Frederico Wildson da Silva Dantas tiveram suas respectivas atuações na Justiça Estadual e na Justiça Federal enaltecidas pelo presidente da corte e por todos seus pares.

Brito lembrou, na condição de corregedor recém-leito, que “eleições limpas são imperativas para a investidura do governo da coisa pública. Pleitos eleitorais manipulados por abusos, fraudes, trocas e imoralidades frustam, em sua origem, a livre vontade da Nação”. Por sua vez, o corregedor eleitoral Frederico Dantas, disse que o Judiciário assume hoje uma dimensão política maior, como um dos protagonistas do jogo político das instituições, porque ele se tornou o último esteio da sociedade para resolver suas crises, pela falência das instituições legislativas em fazê-lo, deixando de solucionar questões tormentosas, como a pesquisa com células-tronco, o exercício do direito de greve pelos servidores públicos, a união civil de homossexuais e o aborto do anencéfalo”.

A fala do presidente

 

Segue, transcrito integralmente, o discurso do presidente do TRE-AL, desembargador Orlando Manso, por ocasião da posse do magistrado federal Frederico Wilson da Silva Dantas, como membro titular da corte eleitoral alagoana pela classe dos juizes federais:

 

“Senhores desembargadores, senhor procurador regional eleitoral, senhores servidores, senhoras e senhores

É com extrema satisfação que propicio essa suscita reverência, homenagem instigada pela venturosa chegada, a este Regional, do novel Desembargador Eleitoral Frederico Wildson da Silva Dantas, que inicia, nesta oportunidade, sua jornada bienal como integrante da Justiça Eleitoral de Alagoas na qualidade de magistrado integrante da Justiça Federal.

Sem grandes rodeios, devo destacar, nesta oportunidade, que Sua Excelência, enquanto ícone da nova geração de juízes que compõem o seleto panteão da magistratura federal em Alagoas, tem ascendência distinta e genealogia jurídica privilegiada, divisando em seus ascendentes a figura proeminente de juristas e magistrados da mais distinta e emérita qualidade.

Neste instante, permito-me uma breve digressão para, por força do seu mais que merecido ascenso a este pariato, promover uma oportuna e muito merecida homenagem ao seu pai, Desembargador Federal Francisco Wildo Lacerda Dantas, homem de lauto currículo, produção jurídica e cultural incessante e cátedra ladina, detentor, entre outros títulos, de Doutor em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, da Universidade Federal de Lisboa e que, em simultâneo com a cadeira de docência da Teoria Geral do Processo na Universidade Federal de Alagoas, integra o Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Impossível desmerecer o compulsório destaque à incomensurável contribuição que prestou à Justiça Federal de Alagoas ao longo dos anos em que exerceu, aqui, o múnus judicante, sendo, por considerável lapso, o único Juiz Federal da Seção Judiciária de Alagoas.

Também enalteço, na oportunidade, a figura da Dra. Ana Florinda Mendonça da Silva Dantas, sua mãe e Juíza de Direito da 22ª Vara Cível da Comarca da Capital, Coordenadora do Núcleo de Promoção da Filiação do Tribunal de Justiça de Alagoas e que já integrou, por dois biênios consecutivos, este Tribunal, ocasião em que, além de gerir com singular argúcia a Escola Judiciária Eleitoral de Alagoas, notabilizou-se nos anais desta Casa como a primeira mulher a presidi-la, prestando singulares contributos, com seu especialíssimo primado cultural, para a primazia do acervo jurisprudencial deste Tribunal.

Mas é preciso destacar que, de par com essa prodigiosa ascendência, Sua Excelência o Desembargador Eleitoral Frederico Wildson possui erudição mais que suficiente para servir de credencial à sua apresentação pessoal, tendo como portentoso lastro o especial destaque de sua atuação enquanto magistrado, mestre, profissional e operador do Direito.

Homem de extensos e extremos conhecimentos, obstinado e dedicado, por amor e vocação, à carreira jurídica, é de sua tradição a incessante produção jurisprudencial e a requintada qualificação acadêmica, detendo hodiernamente o título de mestre em Direito Constitucional e vivendo a iminência de atingir o grau de Doutor.

Sua Excelência alcança destaque também pela incansável labuta no âmbito da Seção Judiciária Federal de Alagoas como titular da 6ª Vara Federal e Juiz Vice-Diretor do Fórum Federal desta capital, atuando ainda, ao lado do Dr. Raimundo Alves - a quem substitui neste Colegiado - e do Juiz Federal André Carvalho Monteiro, que também é Desembargador Substituto deste Tribunal, na Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Alagoas, acumulando, por fim, a Direção da Escola de Magistratura Federal da 5ª Região – Núcleo Alagoas.

É extremamente perceptível seu tino e o seu denodo para o acúmulo do desempenho de funções no plano da estrutura judiciária local. A qualidade inconteste de sua produção jurisdicional concorre com o inegável pendor para a docência, espraiando sua já vasta experiência aos acadêmicos da Universidade Federal de Alagoas, através da Faculdade de Direito de Alagoas, onde atua como professor assistente.

Como um observador discreto da sua vasta produção cultural, considero curial o destaque ao admirável excerto de um dos seus artigos publicados pelo sítio cibernético da Universidade Federal de Alagoas, ocasião em que, discorrendo sobre as sucessivas emendas constitucionais em ensaio publicado no mês de fevereiro de 2009, vaticinou em conclusão, com singular pertinácia e merecido destaque:

“Assim, ao refletirmos sobre a real necessidade de uma nova reforma constitucional, precisamos lembrar que a Carta Magna é expressão da soberania popular e que o poder de reforma constitucional atribuído ao Congresso é subalterno e essencialmente limitado, devendo ser exercido com moderação. Logo, constitui uma afronta à legitimidade do poder precipitar emendas constitucionais ao sabor das conveniências políticas do momento.”

 

Considerando ainda a obra de sua lavra, sob o título A Eficiência da Lei de Improbidade Administrativa e o Foro por prerrogativa de função - publicação da Editora Nossa Livraria no último ano de 2004 -, é manifesto que sua aguçada sensibilidade às causas e às minúcias da legislação vigente, em especial quanto à gestão da coisa pública e suas consequências, será extremamente valorosa ao longo de sua atuação neste recinto, em especial quando da cognição das tantas teses de inelegibilidade que são tão comuns ao transcurso do já iniciado processo eleitoral com vistas ao pleito de outubro próximo, quando teremos o ápice da celebração democrática através do escrutínio popular para os cargos de prefeito e vereador, isso mediante a utilização universal do procedimento biométrico de identificação do eleitor.

Por fim, ouso, como decano desta Casa, rememorar as palavras que me foram de muita valia quando de minha chegada a este Regional, o que faço ao reproduzir, nesta ocasião, a figura de uma lenda popular do Oriente Próximo, pequena narrativa que versa sobre o diálogo entre um jovem e um velho por ocasião da aproximação daquele a um oásis existente junto a um povoado, nos seguintes termos:

- Que tipo de pessoa vive neste lugar?

- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? - perguntou por sua vez o ancião.

- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz. Estou muito satisfeito de haver saído de lá.

- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui – replicou o velho.

No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:

- Que tipo de pessoa vive por aqui?

O velho respondeu com a mesma pergunta:

- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?

O rapaz respondeu:

- Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.

- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.

Um homem, que havia escutado as duas conversas, indagou imediatamente ao velho:

- Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?

Ao que o velho respondeu:

- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui.

 

Receba, desembargador Eleitoral Frederico Wildson, os meus mais sinceros votos de muito sucesso na sua nova jornada”.

 

O discurso do juiz Frederico Wildson da Silva Dantas

“Senhor Presidente, Desembargador Orlando Monteiro Cavalcanti Manso

Senhora Vice-Presidente, Desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento

Eminentes colegas, Desembargadores Antônio José Bittencourt Araújo, Ivan Vasconcelos Brito Júnior, Luciano Guimarães Mata e Fernando Antônio Barbosa Maciel,

Excelentíssimo Procurador Regional Eleitoral, – e meu estimado amigo, Dr. Rodrigo Tenório Correia da Silva,

Senhores Advogados,

Servidores desta Casa,

Amigos, familiares,

Augusta audiência,

Disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset: “Eusoueueminhacircunstância,esenãosalvoaela,nãomesalvoamim”.

A frase é emblemática por dizer em tão poucas palavras que a vida é o que podemos ser, é a vida possível, e por isso mesmo é decidir, entre as possibilidades, o que em efeito vamos ser.

Ortega y Gasset ensina que as circunstâncias são na nossa vida o que nos é dado e imposto, são a nossa realidade. Mas é falso concluir que são elas a nos definirem: ao contrário, diz o filósofo que elas são o dilema, sempre novo, ante o qual temos que nos decidir. Mas quem decide é o nosso caráter.

Abraçada a premissa, tenho de agradecer, reconhecendo o quão afortunado sou pelas circunstâncias de minha vida, pelas decisões que tomei e que me permitiram esse magnífico momento. Senhores; que distinto privilégio estar aqui, hoje nesta sessão solene; que distinta honra pertencer a esta egrégia Casa; mas, sobretudo, que alegria ser prestigiado com tão calorosa recepção – aqui agradeço em especial as palavras generosas de saudação do meu colega, Des. Ivan Brito – na presença da minha família e amigos, meu maior tesouro.

Sabedor do privilégio e da honra que me são concedidos, não medirei esforços para mostrar-me à altura dessa dignidade, oferecendo em contrapartida o melhor da minha ciência, do meu trabalho e, também, da minha vivência como juiz de primeira instância, hoje às vésperas de completar um decênio na magistratura federal – fui juiz moço, o mais novo da minha turma, ingressando na magistratura da altura dos meus 25 anos de idade.

Somados aos três anos em que militei como serventuário da Justiça posso dizer que tenho hoje treze anos de experiência no Poder Judiciário, e nessa breve história tenho vivenciado as transformações por que passa a magistratura, pelo que quero compartilhar consigo minhas reflexões sobre o momento em que vivemos.

O Judiciário mudou e está mudando cada vez mais. Desde o advento da Constituição cidadã, não somos mais o que fomos antigamente. O Judiciário constitucionalizado hoje é conclamado pela sociedade para assumir novo papel no palco das instituições democráticas, um papel atuante e comprometido com uma jurisdição efetiva, e com a realização dos direitos fundamentais.

Mas não nos enganemos. Se o Judiciário torna-se o que Cappelletti chamou de um “Terceiro Gigante” não o faz por iniciativa e aspiração próprias, mas porque isso lhe foi imposto: os que criticam o chamado ativismo judicial e a judicialização da política esquecem que a atitude proativa da magistratura não parte de um anseio dos juízes, isso lhes foi retirado a fórceps pelas legítimas reivindicações da sociedade que não tolerava mais uma Justiça morosa e ineficaz.

Se o Judiciário assume hoje uma dimensão política maior, como um dos protagonistas do jogo políticos das instituições, o faz porque ele se tornou o último esteio da sociedade para resolver suas crises, pela falência das instituições legislativas em fazê-lo, deixando de solucionar questões tormentosas, como a pesquisa com células-tronco, o exercício do direito de greve pelos servidores públicos, a união civil de homossexuais e o aborto do anencéfalo.

No âmbito eleitoral experimentamos o que Adriano Soares denomina de verdadeira “revolução copernicana”; desde a instituição da urna eletrônica, as resoluções da Justiça Eleitoral sobre a fidelidade partidária, passando pela criação do instituto da captação ilícita do sufrágio e chegando, agora, na instituição da Lei da “Ficha Limpa”, inovações que em maior ou menor medida contaram com importante participação do Judiciário.

Mas, ao tempo em que assumimos nosso legítimo papel como um dos Poderes da República, não havemos de perder de vista que o que denota o Judiciário e o distingue das demais instâncias de Poder, é justamente o fato de que nossa autoridade advém dos fundamentos de nossas decisões, as quais devem ser sempre, e em qualquer caso, pautadas por critérios jurídicos e pela coerência e rigor conceituais da Ciência do Direito.

Senhores! Eis o nosso leme e a nossa guia; não podemos perder de vista o farol que ilumina nosso caminho: a jurisprudência é trilhada pela técnica jurídica, eis que o juiz é livre, dentro do cárcere da Lei!

Sim, o juiz é um agente de Poder e sua atuação assume uma dimensão política coextensiva às pautas axiológica dos princípios constitucionais; mas não é e nem pode se tornar – nunca – um ator político, muito menos um agente de política partidária.

É importante relembrar essa verdade, para mantermo-nos coerentes com nossa baliza institucional, sobretudo nos tempos em que vivemos; tempos em que a Corregedora Nacional da Magistratura se sente autorizada a utilizar expedientes midiáticos para respaldar suas posições político-institucionais; em tempos onde o Pretório Excelso desta Nação labora sob o escrutínio diário da opinião pública, expondo aos jornais diários até mesmo suas questões mais intestinas; e em que Ministros do Supremo Tribunal Federal se reúnem com ex-mandatários do Poder para discutir processos, a ponto de um ex-Presidente da República se achar autorizado a intervir na condução de assuntos que um juiz de primeiro grau não discutiria nem mesmo no santuário de sua residência.

Nesse cenário que se desenha, mais do que nunca é importante que o Tribunal esteja coeso, unido no propósito de exercer uma prestação jurisdicional efetiva. O desafio é imenso, pois a atuação da magistratura eleitoral é condicionada pelo déficit de sistematização de suas normas, causado pelas frequentes mudanças na legislação, e que tem como subproduto uma jurisprudência inconstante em todas as instâncias, sobretudo nas instâncias superiores.

Mas se o desafio é grande, grande também a certeza de que essa egrégia Casa continuará atuando, como sempre, com sua reconhecida isenção, com sua imparcialidade e ciência que lhe garante a posição altaneira de árbitro das lides eleitorais e garantidoras do processo democrático no Estado de Alagoas.

Havemos de enfrentar esse processo eleitoral confiantes, sob a segura presidência do eminente Des. Orlando Manso, homem respeitado na magistratura alagoana, juiz que vem neste Tribunal arrematar com brilho mais um capítulo de sua bela e longa história no Poder Judiciário, e que nesse toar já conquistou grandes e importantes vitórias, com um merecido destaque para a conclusão do processo de cadastramento biométrico, no que contou com o apoio dos colegas e, em especial, do Juiz Federal Raimundo Campos – aliás, não poderia deixar de registrar aqui que meus primeiros passos como acadêmico de Direito foram dados sob a batuta do nosso maestro, eu no meu primeiro estágio e o Presidente como Corregedor-Geral do Estado de Alagoas.

É para mim uma grande honra unir-me a esse grupo seleto de juristas, Des. Elisabeth Carvalho, a primeira mulher a ocupar as mais altas instâncias de Poder neste Estado de Alagoas, tendo sido a primeira Governadora, a primeira a presidir o Tribunal de Justiça e, também, a primeira Presidente deste Sodalício. Que grande honra atuar lado a lado dessa pessoa que já é em si mesma um marco na história do Estado de Alagoas.

Aos eminentes colegas Antônio Bittencourt, juiz criminal com destacado papel como gestor da segurança pública de nosso estado; Ivan Brito – desde sempre amigo da minha família, e a quem dedico especial carinho em nome de sua estimada mãe, a Dra. Nielze Brito –; Luciano Guimarães, profundo conhecedor do Direito Eleitoral, digno representante da classe dos juristas; e Fernando Maciel, eminente colega da Universidade Federal. Enfim, a todos os senhores venho declarar minha alegria em integrar essa composição, e declarar minha intenção de vir para somar nesse Colegiado, contribuindo com o melhor dos meus conhecimentos, procurando sempre decidir com minha convicção e com minha consciência, e sabendo que, em nossa convivência institucional, tenho muito a aprender com a vivência dos senhores.

Para quem sempre militou na Justiça Federal, a oportunidade de trabalhar conjuntamente com eminentes juristas e renomados juízes da magistratura alagoana é uma ocasião ímpar para engrandecimento pessoal e profissional, ainda que eu não perca de de vista minhas origens institucionais.

Ao embarcar nessa grande aventura, sinto-me absolutamente tranquilo porque ombreado com pessoas da melhor estirpe, e sabedor de que poderei contar sempre com o conselho e a experiência dos senhores, e também com as palavras sábias e o aviso do nosso brilhante Procurador Regional, Dr. Rodrigo Tenório, a quem tenho na conta de meus poucos e fiéis amigos, e a quem reputo um dos membros mais destacados do Ministério Público Federal em Alagoas. Homem dotado de profundo seu preparo e cultura jurídica, e aquinhoado de conhecida coragem pessoal e cívica; Dr. Rodrigo é um verdadeiro vocacionado do Ministério Público. Amigo, conto com sua companhia em nossa caminhada.

Como dizia, permanecerei fiel à história da minha instituição. Hei de fazê-lo com espírito altivo e independência; com o orgulho de representar aqui uma notável tradição, construída por juízes dotados não só de profundo conhecimento jurídico, como também de rara sensibilidade humana. Senhores; quanta honra poder dizer quem sou: Sou legítimo herdeiro das tradições de Francisco Wildo Lacerda Dantas – dele sou herdeiro na instituição, no nome e no sangue–, mas também Paulo Roberto de Oliveira Lima, de Paulo Machado Cordeiro, Sebastião Vasques – cujos relevantes serviços prestados à Justiça Eleitoral foram reconhecidos com a medalha do mérito eleitoral Desembargador Barreto Cardoso.

Que grande júbilo, senhores, suceder a esses sábios e briosos magistrados, assim como a meus demais colegas de lida, que me precederam neste Tribunal: Sérgio Wanderley, Leonardo Resende, André Granja e, em especial, ao Juiz Federal Raimundo Campos Júnior que abrilhantou sua gestão com a integridade, seriedade e dedicação que sempre empregou e emprega em tudo que faz.

Sabedor das minhas limitações, reconheço a distância que haverei de percorrer para alcançá-los; mas com paciência, muito esforço e humildade estou confiante de que saberei manter-me fiel aos ideais de trabalho, de justiça e de coerência que sempre os inspiraram, e que fazem de nossa instituição um dos pilares do Estado Democrático de Direito.

Como vêem, não chego aqui sozinho, como ninguém chega – solitário – a lugar algum. Eu sou eu e minhas circunstâncias; minha vida é o que pode ser; e tenho de agradecer à vida por ser como é pela abundância de graças que me proporciona, sobretudo a minha família, meus amigos e minha instituição.

Por isso, já caminhando para o final de minha oração, peço-lhes vênia para usar da palavra para fazer algumas homenagens, dizendo de público que sou um homem feliz. Sou feliz por tantas vitórias pessoais e profissionais que consegui amealhar, ainda jovem, e que se me foi possível não por um talento especial – que não tenho – mas sim com muito esforço e sacrifício pessoal, e pelo acaso e a sorte que colocaram no meu caminho tantas pessoas especiais.

Não poderia citá-los a todos, para não penalizá-los demasiado com um discurso cansativo e demorado. Mas não posso me omitir em algumas poucas homenagens.

A meu pai, Francisco Wildo, homem que tem uma vida dedicada ao estudo, um dos maiores processualistas que este Estado conheceu, magistrado culto e aquinhoado com um senso de justiça apurado, fabricado na luta de um homem de origem humilde – menino pobre, órfão de pai com cinco anos, criado pela mãe-viúva com outros quatro irmãos no interior da Bahia – e que conseguiu superar as vicissitudes da vida para galgar com seus méritos o sucesso pessoal e profissional, sem nunca macular sua integridade.

A minha mãe, Ana Florinda, mulher forte e trabalhadora incansável; entregando-se de corpo e alma conseguiu conciliar seus deveres de esposa fiel e mãe dedicada de quatro filhos, criados com amor, disciplina e caráter, sem nunca descurar de seu ofício profissional, a ponto de se tornar uma das juízas mais profícuas da magistratura alagoana.

Aproveito para, em seu nome, fazer uma homenagem à digna magistratura estadual alagoana, aos bravos homens e mulheres que conseguem, por força de dedicação exemplar, contornar as dificuldades de uma estrutura física e humana limitada pelos parcos recursos de um Estado pobre como Alagoas e ainda atender aos anseios da sociedade e sua sede por justiça. Afogados com a infinita demanda, não obstante dedicam-se diuturnamente a serviço da sociedade, muita vez trocando suas horas de repouso e descanso pelo trabalho

– Quantas vezes assisti minha mãe trazer volumes e volumes de processos para despachar em casa? Trabalhar em mutirões em dia santo e feriado? Participar em projetos de Justiça Itinerante nos mais distantes rincões dessas Alagoas? Ela é para mim a figura exemplar dos juízes de direito; homens e mulheres honestos, honrados e dotados de grande coragem cívica que – como sabemos – colocam seu dever à frente não só do convívio familiar, como até mesmo da sua segurança pessoal, entregando suas vidas à causa da justiça.

Quero parafrasear Einstein – mas sem nenhuma pretensão de me comparar com esse gênio da humanidade – para dizer que, se consegui chegar mais longe, o fiz porque vim apoiado nos ombros desses dois gigantes.

Registro meus agradecimentos aos meus irmãos pela paz de espírito que nossa convivência me traz. A Francisco, irmão mais velho, integrante da bancada baiana da família, com quem compartilhei a maior parte da minha vida, que tanto me ensinou e ensina até hoje, exemplo de marido dedicado e pai amoroso; e assim a Fábio e Flávio, altivos representantes da bancada alagoana – eis que até aqui se revela o espírito justo e democrático de meus pais que mesmo na composição familiar observaram a paridade de representação.

Mas devo confessar que hoje é forte a tendência de desequilibrar o pleito – não pela infidelidade à terra natal, pois a trago em meu coração – mas porque me confesso seduzido pela minha terra de eleição, a ponto de responder sem titubeio a quem pergunta minhas origens o que verdadeiramente sou: um alabaiano.

Faço aqui também uma justa homenagem a meus amigos, e peço vênia para fazê-lo na pessoa do meu grande amigo, o Juiz Federal Paulo Machado Cordeiro. Paulo Cordeiro na realidade, é mais que um amigo, é meu grande mestre que tantas e tantas lições já me ensinou. Homem generoso, inteligentíssimo e dotado de uma intuição infalível: nada escapa a seu olhar observador de fino conhecedor da natureza humana. Se meus pais serviram de inspiração para minha carreira na magistratura, foi Paulo Cordeiro quem me ensinou o caminho das pedras. Amigo, se hoje estou aqui devo e muito a você.

Enfim, não poderia encerrar minhas palavras sem uma homenagem especial à minha esposa. Hoje me confesso feliz, e o sou em grande medida graças a essa mulher maravilhosa. Eis aqui uma circunstância da minha vida que tenho de agradecer – e o faço – a todo dia, em todo instante.

Ó abençoado dia o que nos encontramos! Ali está a porta e a chave do meu caminho para a felicidade. Em nove anos de convivência sou, por sua causa, uma pessoa melhor; são sua virtude e seu caráter, firme, porém sereno; de mulher bela e vaidosa, mas desprendida de si pelo amor de seus filhos; inteligente e talentosa na atuação profissional, e ao mesmo tempo prendada e amorosa dona do lar, que me inspiram para continuar tentando fazer e ser o melhor que posso.

É minha parceira, amante e amiga, quem me aquece nas noites de frio, e muitas vezes me mostra o caminho reto quando me assalta a dúvida no espírito.

A mulher que me deu os mais belos presentes da natureza, Lucas e Carolina, a quem dedico meu coração e minh’alma, para todo o sempre; a quem disse certa vez e hoje repito, e insisto, que a amo mais do que podes imaginar...

É a ti Juliana que dedico esse momento de grandiosa felicidade.

Muito obrigado!”

 

 

 

 

 











 

 

 











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